Desde o início da pandemia de Covid-19, a logística internacional vem passando por diversos desafios que impactam importadores, exportadores e até mesmo os consumidores finais, que já sentem a inflação no bolso, muitas vezes puxada pelos preços internacionais presentes em quase tudo que consumimos internamente.
Com mais de 300 navios aguardando carga e descarga ao redor do mundo, o cenário atual é considerado o pior da história desde o início do uso do container há mais de setenta anos. A pandemia foi uma das principais causas de todo esse caos na logística internacional pois a suspensão de diversas atividades, o fechamento de indústrias, a crise econômica em diversos países e outros diversos fatores levaram a um esfriamento na economia no ano passado.
Com a retomada das atividades nos principais setores em todo o mundo, houve um “boom” na demanda por fretes que a oferta dos armadores não conseguiu suprir, principalmente após novos surtos de Covid-19 que foram aparecendo em algumas regiões específicas (China, Europa, EUA) fazendo com que determinado porto reduzisse suas operações, acumulando assim mais navios na fila de espera, e como regra básica da economia, a demanda vai aumentando e a quantidade ofertada também, até que a demanda ultrapassa a quantidade disponível para ofertar gerando uma alta descontrolada nos preços.
No Brasil, o comércio com a China foi o mais afetado, nosso maior parceiro tanto nas importações como nas exportações. O frete de um container de Shanghai para o Porto de Santos que há um ano custava cerca de US$1500, hoje já ultrapassa US$11000. Para fugir dessa alta nos preços ou evitar atraso em caso de cargas urgentes, importadores recorrem à diversos meios, como a utilização de contêineres NOR (Non-Operating Reefer), utilização do modal aéreo e principalmente as reservas antecipadas das duas compras e embarques, evitando assim novos problemas.
CANAL DE SUEZ
Além do forte impacto da pandemia, outro problema de ordem global impactou o Comércio Exterior no início desse ano. No mês de março, um navio da Evergreen encalhou no Canal de Suez, uma das principais rotas do comércio internacional de matérias primas, impedindo a passagem de navios durante seis dias, o suficiente para criar uma fila com dezenas de navios que aguardavam liberação e somar um prejuízo bilionário tanto para empresas privadas como para as autoridades que controlam o Canal.
FECHAMENTO DE PORTOS NA CHINA
Para evitar novos surtos de Covid-19, a China chegou a interditar dois portos recentemente, Yantian e Ningbo, ambos importantíssimos para o Comércio Exterior, cuja suspensão das atividades causou um grande impacto em toda a logística com novos atrasos e ainda mais engarrafamentos. Alguns importantes portos europeus sentiram o impacto e como num efeito dominó, também sofreram com a grande quantidade de navios à espera para embarque e desembarque.
EXPECTATIVA PARA 2022
Infelizmente, importadores e exportadores de todo o mundo podem aguardar mais alguns meses de crise com fretes em valores elevados, atrasos nas entregas e falta de espaço em navios e contêineres, pois a previsão da retomada aos níveis pré-pandemia segundo especialistas é apenas para 2022, confiantes em uma aceleração na imunização global.
Atualmente, há mais de 300 navios parados fora dos portos pelo mundo sem espaço para atracar, esse volume mais que dobrou do registrado no início desse ano. Assim, mais que superar a crise sanitária e econômica, o setor público e privado deverá se preocupar também com a situação dos portos em relação a infraestrutura, para que estejam melhores preparados para futuras altas temporadas do comércio exterior como essa.